A polêmica vida de George Soros

Idolatrado por alguns, odiado por outros. Quando o assunto é George Soros é difícil encontrar um território pacífico pois as opiniões acerca do bilionário são sempre de algum dos extremos.

Mas nesse texto aqui nós vamos te contar a história desse que é o mais polêmico de todos os bilionários, te explicar como ele acumulou seus bilhões e ainda vamos te contar o que é fato ou mito nas histórias rodando sobre ele na internet. Vamos juntos?

Já vamos começar indo direto ao ponto. George Soros é um titã do mercado financeiro e constantemente disputa com Warren Buffet o título do investidor mias bem-sucedido de todos os tempos.

George é um gestor de fundos de investimento e tinha sob sua administração um fundo chamado Quantum, que entre 1970 e 2000 conseguiu entregar um retorno médio anual de 30%, consistentemente.

Isso é um retorno gigantesco, e para trazer para o português bem claro, significa que se alguém investiu 1000 dólares no fundo dele em 1970 e resgatou no ano 2000, com esse retorno médio de 30% ao ano essa pessoa resgatou nada mais, nada menos do que 2.650.000 dólares no ano 2000.

Atualmente ele ainda é o chairman da Soros Administração de Fundos, que atua como conselheira em diversos fundos de investimentos atualmente. Ele nasceu em 1930 na cidade de Budapeste na Hungria.

Mesmo sendo de ascendência judaica, Soros sobreviveu a invasão germânica na Hungria durante a segunda guerra mundial e ao final do conflito, em 1947, deixou sua terra natal e se mudou aqui para Londres.

Ele conseguiu estudar na London School of Economics e logo começou a trabalhar em bancos aqui no Reino Unido e depois nos EUA, para onde imigrou em 1956.. Na década de 70 George Soros iniciou sua jornada no empreendedorismo e criou o seu primeiro fundo, que mais tarde seria renomeado como Quantum, que é esse que eu falei para vocês agora pouco.

Sua primeira atitude bem polêmica aconteceu em 1992, durante a crise monetária aqui do Reino Unido, George Soros entrou em uma operação chamada de venda a descoberto, que é uma operação em que você vende um ativo que não possui na carteira, pois acredita que esse ativo vai se desvalorizar e assim consegue lucrar com a queda do preço.

Parece meio complicado, mas o fato é que ele fez isso e o ativo em questão era a moeda aqui do Reino Unido, a Libra Esterlina. Ele apostou na queda do valor da moeda e conseguiu lucrar 1 bilhão de dólares nessa transação.

Depois desse dia ele passou a ser conhecido como o homem que quebrou o Banco da Inglaterra. Alguns anos depois, em 1997 em uma operação muito parecida com essa mas durante a crise dos tigres asiáticos, Soros ganhou outra bolada e ficou conhecido como o homem que quebrou o banco da Tailândia.

Essa fama que ele ganhou ao vencer Bancos Centrais de países no mercado financeiro alimentou uma série de notícias que dizem que ele foi banido de vários países, algumas listas citam a Russia, Reino Unido, Filipinas, Thailandia e até a Hungria como países que teriam proibido a entrada de George Soros em seus territórios.

Mas o fato é que não existe nenhuma comunicação oficial de nenhum dos governos desses países confirmando o banimento. A única coisa que se pode encontrar é uma atitude da Rússia contra a fundação de filantropia mantida pelo magnata.

Em 1993 George Soros decidiu criar a Open Society Fundation, uma organização sem fins lucrativos, com o objetivo declarado de promover a democracia, a justiça, a educação, a saúde pública e a mídia independente, segundo seu próprio manifesto.

Em 2015 o procurador geral da Rússia conseguiu aprovar uma lei no país que dava o direito ao seu gabinete de aprovar quais organizações e fundações seriam desejáveis ou não para atuar no país, e acabou que ele decidiu que a fundação de Soros era indesejada.

Aproveitando que estamos falando da Open Society Foundation, hoje em dia o George Soros ainda é o chairman da fundação, que tem atuação em mais de 120 países e foi o principal destino das doações do bilionário.

Até hoje, George Soros já doou mais de 30 bilhões de dólares de sua fortuna para a filantropia. Ainda assim o investidor atualmente tem uma fortuna estimada em cerca de 8 bilhões de dólares.

Toda a ação da fundação Open Society é fundamentada pela obra do filósofo Karl Popper, trabalho que Soros conheceu quando estudou na LSE aqui em Londres e acabou utilizando como guia filosófico por toda a sua vida.

Em seu livro, A sociedade aberta e seus inimigos, Karl Popper prega que nenhuma ideologia ou corrente filosófica pode ser considerada como a verdade absoluta. Segundo Popper uma sociedade só floresce quando todos tem liberdade de expressão, um governo democrático e respeito as liberdades individuais.

Por volta dos anos 80 George Soros começou a oferecer bolsas de estudos para jovens negros que viviam no regime do apartheid na África do Sul. Na sequência financiou a ida de estudantes da Hungria para o ocidente, pois naquela época a Hungria vivia sob um regime comunista rígido e Soros queria que os acadêmicos tivessem acesso ao conhecimento e pensamento aqui do ocidente.

Mais recentemente ele apoiou diversas pautas consideradas progressistas nos EUA, como a liberação da cannabis para uso medicinal e o casamento homoafetivo. Além disso tornou-se abertamente um grande doador do partido democrata, dos presidentes Obama e Joe Biden.

Essas atitudes acabaram gerando um grande burburinho no partido Republicano, do presidente Trump. Já faz tempo que membros do partido tinham grandes divergências com ele, mas esses membros eram meio que os menos expressivos dentro do partido. Hoje em dia existe uma ala bastante mainstream do partido que nutre desafetos com ele. 

Pode ser que você apoie as causas que ele apoia, ou pode ser que você apoie causas contrárias as que ele apoia. Mas o fato é que no caso dele, ter adotado um posicionamento mais claro acabou gerando ainda mais polêmica em torno de uma figura que já era bastante polêmica por sua atuação no mercado financeiro.

Ao mesmo tempo que vemos um bilionário que apoia diversas causas filantrópicas importantes, vemos o homem que está disposto a se expor a riscos que pouquíssimos aceitam em busca de grandes retornos.

Alguns chegam a dizer que a atuação dele nas crises das moedas beirou o anti-ético, George Soros já se defendeu das acusações dizendo que não tinha absolutamente nada de errado em aproveitar a oportunidade de lucro que estava no mercado para todos.

Ambas as interpretações abrem espaço para a polêmica, mas o fato é que políticos e simpatizantes de todas as alas tentaram capitalizar em cima desse assunto e acabaram soltando muitas notícias pela internet que são muito difíceis de confirmar.

Em tempos mais recentes, aqui no Reino Unido, o magnata foi uma voz forte contra a saída do reino unido da União Europeia, o chamado Brexit. Ele inclusive financiou a organização Best for Britain, que tentou sem sucesso evitar a saída.

A área de influência dele não fica somente nos EUA e Europa, aí no Brasil a fundação dele já financiou diretamente 118 organizações entre 2016 e 2019. Algumas das principais ongs a receber apoio dele aí são a Associação Conectas e o Instituto Sou da Paz.

Mas algumas fundações como a do ex-presidente FHC, a FGV, a FioCruz e até a Youtuber Jout Jout também receberam financiamento da fundação do magnata.

Todos reconhecem que não há nada de ilegal no que ele está fazendo, na maneira como ele está financiando essas instituições. Mas como os volumes de financiamento são bem grandes, os defensores de direita dizem que ele acaba desequilibrando o debate, uma vez que dá muito folego financeiro somente para as instituições alinhadas com a esquerda.

O fato é que os gastos de Soros com políticos e políticas públicas nos EUA e no mundo superam facilmente os de qualquer outro doador politicamente ativo.

Só para efeito de comparação, as pautas conservadoras também têm uma rede de doadores, que nesse caso é encabeçada pelos irmãos Koch, que também são bilionários americanos.

Essa rede desembolsou 2 bilhões de dólares nos últimos anos para apoiar as pautas conservadoras. Nos últimos anos Soros, que apoia causas progressistas, desembolsou mais de 30 bi de dólares nessas causas. A diferença é bem grande.

Nós já contamos a história e as lições de diversos líderes e empreendedores aqui no Empreender no Mundo, se você ainda não viu esses outros textos (com os respectivos vídeos) estou deixando o link aí em cima para você continuar aqui com a gente.

Mas o fato é que nenhum dos empreendedores que retratamos aqui no canal até hoje tem uma história tão cheia de polêmicas e confusões. Hoje, do alto de seus 91 anos, George Soros continua na ativa, é conselheiro de seu fundo e de sua fundação e é considerado o único investidor no mundo capaz de rivalizar com Warren Buffet.

Hoje em dia, ele é visto como o salvador por alguns e como a personificação do mal por outros, mas como já dizia Aristóteles, a virtude consiste em saber encontrar o meio-termo entre dois extremos, então na verdade talvez ele não seja nem uma coisa e nem outra. A história vai nos dizer.