A resiliência sempre foi uma das habilidades mais discutidas e desejadas entre as pessoas, seja no âmbito pessoal e ou profissional. E entender um determinado contexto, que estamos vivendo, e saber como nos comportar diante dele é o caminho para que possamos lidar de maneira consciente em situações adversas.
Esse estado de consciência deve nos trazer:
Mas, sobretudo entender que existe sim algo que está acontecendo e precisa ser encarado, precisa ser reconhecido.
Conversando com as pessoas, sempre ouço muitas dúvidas em relação a praticar ou desenvolver resiliência. As pessoas sabem que existe uma forma de adaptação aos problemas, de aprender com uma determinada situação, de ser mais flexível. Mas, tenho percebido que muitas delas negligenciam o que está acontecendo. E será impossível atuar de maneira resiliente se você negligenciar uma situação, seja ela qual for.
Da mesma forma que devemos entender que existe a resiliência, temos que entender que também existe um problema a ser tratado, uma situação adversa acontecendo, um desafio a ser encarado e por aí vai.
Quando eu entendo que existe a resiliência, mas negligencio uma situação que vivo, é como se eu tratasse, de maneira medicamentosa, uma doença que eu não sei qual é.
Quando levamos essa reflexão para dentro das empresas, para a atuação dos líderes, gestores, empresários e empreendedores é importantíssimo que essa reflexão seja realizada de maneira assertiva e inteligente.
Muitos líderes não querem enxergar os problemas que existem dentro de seus departamentos; gestores têm dificuldades de identificar problemas com as suas equipes; empreendedores e empresários insistem em resistir às mudanças e a reconhecerem que algo precisa ser feito, desenvolvendo essa consciência de questões que são reais e precisam ser vistas como tal.
Estamos vivendo a maior crise sanitária dos últimos tempos. A pandemia tem transformado as nossas vidas, as relações empresariais e o mundo como um todo.
Na II Guerra Mundial o governo britânico criou o lema “Keep Calm and Carry On” que significa “Mantenha a calma e siga em frente”. Na seguinte ocasião, Angela Merkel pediu aos ingleses resiliência para enfrentar a crise sanitária e suas consequências econômicas e sociais.
E já que falamos, na abertura deste artigo, em estado de consciência e aceitação de situações que ocorrem, não podemos negar que a pandemia em si, trouxe mudanças significativas para diversas áreas de nossa vida.
Do ponto de vista pessoal, temos vivido o impacto do confinamento e do distanciamento social. Assim como suas consequências, como por exemplo, mudanças em nossas rotinas diárias com nossa família, adaptação a uma nova logística de atividades e redescobrimento de novas formas de passar o tempo e explorar as relações interpessoais.
Do ponto de vista profissional vivemos o início das atividades em “home office”. E com o passar do tempo a proliferação do teletrabalho, de maneira mais efetiva, planejada e organizada. De fato, já entendemos que o modelo de teletrabalho veio para ficar e deve ser encarado como uma nova ferramenta no desenvolvimento das atividades, reconhecidas pelos empresários.
O grande ponto de reflexão é o desafio que temos tido em gerenciar todas essas mudanças repentinas, sejam elas do ponto de vista pessoal ou profissional.
Esse grande desafio é uma demanda mundialmente discutida. Aprender a lidar com toda essa “novidade” (e algo que muda a toda hora) tem se tornado cenário de grandes debates, sobretudo do ponto de vista do comportamento humano.
Dessa forma entra em pauta o quanto é importante aprendermos a ser resilientes. E para isso, fui buscar alguns conceitos, mais teóricos, para dar luz a esse nosso bate papo.
Vejamos o conceito de resiliência, segundo American Psychological Association:
Neste sentido, umas das primeiras divulgações do conceito de resiliência foi feita por Boris Cyrulnik, neurologista, psiquiatra e psicanalista francês que, por sua vez, retirou-o dos escritos do, também psicanalista inglês, John Bowlby que trata da Teoria do Apego afirmando que:
Para Cyrulnik, elas também são mais resilientes, tal como refletiu em sua famosa obra Os patinhos feios. A resiliência: uma infância infeliz não determina a vida.
Entendi que seria importante trazer essas duas reflexões para vocês, com a finalidade de apreendermos que o nosso passado ou a maneira como fomos criados, podem interferir em nossa forma de “resiliar”, mas não definir o quão poderemos “resiliar”.
Para Adam Grant e Sheryl Sandberg:
“Existe um conjunto de comportamentos que podem ser aprendidos de forma natural e que ajudam na resiliência“.
E ainda temos a contribuição da Psicologia Positiva afirmando que:
“Viver essa experiência vital prévia e a aprendizagem adquirida no controle das emoções, aqui entra em jogo a inteligência emocional, são trunfos a favor para conseguir ser pessoas mais resilientes”.
Essas bases teóricas nos permitem entender como é o processo da construção da resiliência. Ainda que em um sentido mais científico. Porém, nos auxilia na compreensão de um caminho que devemos seguir para desenvolver, de maneira mais focada, a habilidade em sermos mais resilientes.
Muitos de nós já ouvimos histórias contadas, em muitas vezes até de maneira lúdica, para exemplificar o que é resiliência. Como por exemplo:
Com essas histórias, aprendemos a nos tornarmos mais fortes em situações contextuais (medo, crise familiar, crise econômica, desmotivação e a própria pandemia). Seja como pessoas, líderes, gestores ou empreendedores.
Fato é que ao longo do tempo percebemos que essas histórias até servem para nos inspirar. Mas, que somos seres muito mais complexos, não sendo possível comparar as nossas histórias com o bambu ou até mesmo ao aço.
A resiliência é um processo dinâmico e interativo que engloba muitos fatores de vida para ser desenvolvida. Sejam eles sociais, culturais, econômicos, físicos e cognitivos.
Ela é a capacidade que temos, enquanto indivíduos, de aprender a lidar com a dificuldade, com a dor, com o medo, com as limitações, com os problemas na empresa, com o inesperado. E ainda assim, estarmos firmes em nosso objetivo, passando pelos percalços, buscando flexibilidade e adaptabilidade o tempo todo.
Resiliar é buscar saídas, soluções, respostas, estratégias para todas as coisas que acontecem ou que surgem. E está ligada à nossa criatividade em meio a um cenário muitas vezes caótico.
A capacidade de sermos mais resilientes pode ser encarada, à maneira de exponencializarmos a nossa positividade, o alinhamento com nossos objetivos e força de trabalho.
Até aqui, vale a pena refletir e entender que, existem situações adversas, que precisam ser identificadas e compreendidas como desafiadoras. Além de serem aceitas como pontos a desenvolver, antes de pensarmos na resiliência como um todo.
E preciso fazer um adendo para dizer que, quando eu me refiro a aceitação de uma situação, entenda que aceitar é diferente de se conformar. Eu posso ser inconformado com uma situação que não gosto, porém eu devo aceitar que ela existe. A existência do fato em si e a minha inconformidade vai me fazer atuar, de maneira resiliente, a mudar o quadro onde eu estou!
No próximo artigo, vou continuar falando sobre resiliência e trazer características de pessoas que são resilientes. Além de hábitos que podem ser introduzidos em nossa rotina para favorecer o desenvolvimento de nossa resiliência.
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Kalil é palestrante, pedagogo, empresário e especialista em Propósito e Felicidade no Trabalho. Em sua coluna aqui no portal escreve sobre propósito, gestão de pessoas, recursos humanos e motivação.
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